Michael, à esquerda, tenta um bloqueio |
Um acontecimento ocorrido no início de abril acabou colocando em pauta mais uma vez a questão da homofobia. O caso teve início na primeira partida da semifinal da Superliga masculina de vôlei, quando a torcida do Cruzeiro fez gritos homofóbicos contra Michael.
Em virtude disso, o Vôlei Futuro saiu em defesa de seu jogador, dando início a uma troca de comunicados e críticas entre as equipes, ocasião em que o jogador Michael confirmou que era homossexual e o entrevero foi parar no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), que após julgamento decidiu multar o time mineiro em R$ 50 mil pelo comportamento inadequado de sua torcida.
Ao que parece a decisão não agradou ao Vôlei Futuro, que divulgou um comunicado criticando a punição, que diz ser insuficiente, afirmando que, para a entidade, “discriminação tem preço”. Em síntese este é o teor do comunicado:
“Agora senhores preparem suas pencas de banana, ensaiem seus gritos de “macaco”, “preto”, “manco” , “bicha” e tantos outros, afinal agora é uma questão de custo x benefício, se isso serve para desestabilizar o outro time e ganhar o jogo através dessas estratégias, R$ 50 mil é uma pechincha para chegar a uma final. É isso mesmo, agora tem preço, paguem e discriminem, paguem e atinjam os seus objetivos, é apenas uma questão de dinheiro”.
Está certo que a atitude da torcida do Cruzeiro foi deselegante, mas daí colocar a culpa nisso para uma derrota é demais. Com essa atitude até parece que o Vôlei Futuro está usando a ofensa da torcida ao seu jogador para justificar a vergonhosa derrota sofrida.
Diferente seria se a torcida adversária tivesse gritado macho, macho, macho. Aí sim, ele poderia se melindrar. Ser chamado de homossexual não pode ser considerado uma ofensa, haja vista que ele assumiu sua preferência sexual, que é uma escolha só sua e ninguém tem nada com isso. O certo seria o time tomar tais provocações como incentivo, ganhar a partida e demonstrar superioridade.
O que se nota nos últimos tempos é que estão criando muita polêmica em torno da classe homossexual no Brasil. Isso passa a impressão de que os homossexuais são coitadinhos e indefesos, o que não é verdade. Caso isso prevaleça, chegará o tempo em que ao cruzarmos o caminho com um homossexual teremos que olhar para o chão ou seremos processados, pois seus direitos estão sendo supervalorizados.
Aqueles que criam as leis se esquecem que vivemos em comunidade e por isso mesmo todos os dias e a todo momento estamos sujeitos a críticas, ameaças, discriminações, sejamos nós gays, negros, brancos, pobres ou ricos. Nordestinos, negros, pessoas de outras raças já convivem com esse tipo de comportamento humano há muito tempo e conseguem se sobrepor a isso com classe. Cabe à classe dos homossexuais também aprender a conviver com isso e procurar o judiciário no caso de excessos. O que não pode acontecer é que uma determinada classe detenha mais poderes que as demais.
O que não pode é criar leis específicas para negros, índios, brancos, amarelos, nordestinos, gaúchos. É preciso que haja – e já existe – uma lei geral que puna os preconceitos e as discriminações sem a necessidade de ter que blindar uma classe ou outra, desrespeitando princípios constitucionais.
E pensar que tudo isso aconteceu porque um jogador homossexual foi xingado por uma torcida. Por que será que ninguém sai em defesa dos árbitros? Por que o STJD não multa as equipes cujos torcedores chamam os juízes de ladrão, xingam suas mães etc?
Chamar juiz de ladrão é injúria, dizer que juiz roubou é calúnia. Ambos são crimes tipificados pelo Código Penal Brasileiro. No entanto nenhum time é punido quando suas torcidas os comete. E sabem por quê? Porque a torcida xingar o adversário é normal em qualquer competição esportiva.
Infelizmente, com essa onda homossexualizante que tomou conta do país, em que os direitos dos homossexuais estão sendo exacerbados ao extremo, punem um clube pelo xingamento da torcida. E o pior, não havia mentiras ou ofensas no xingamento. Ao contrário do que acontece com os xingamentos contra árbitros, o próprio jogador tinha assumido sua condição de homossexual e, com certeza, tem orgulho de sua condição, que não é nenhum crime, pois tem o direito de escolher o que entender de melhor para sua vida.
Ainda nesse sentido, não dá para entender por que somente as gozações contra negros e gays são punidas. Os gordos, carecas, loiras (constantemente chamadas de burras), anões, bêbados etc invariavelmente são vítimas de discriminação e ninguém pune ninguém. A lei deveria proteger a todos e não apenas a um grupo ou outro, pois de acordo com a Constituição Federal todos somos iguais perante a lei.
A bem da verdade, leis específicas para proteger esse ou aquele grupo, seja racial, religioso, homossexual, ou seja lá o que for, não deveriam existir, porque essas leis específicas só servem para dividir a sociedade e colocar em risco aqueles que pretendem proteger.
15 Comentários